Brasília, Fina Flor do Rock

Depois de uma edição impressa, e a "aceitação" dos leitores, o zine volta ao formato original


BRASÍLIA, FINA FLOR DO ROCK
Informativo Aperiódico, Sem fins Lucrativos e Sem Um Centavo No Bolso
Abril / Maio / 2007
Distribuição gratuita. Se alguém tentar te vender um exemplar, favor ligar para o Hospital Psiquiátrico. É sério!

EDITORIANDO:
Na edição passada, o primeiro impresso em gráfica, com tiragem de 1200 cópias, ilustração e com diagramação decente, a recepção foi muito boa e calorosa: "Filho da puta traidor!", "Zine burguês!", "Vendido de merda!", "Traidor do movimento fotocópia!", "Chique demais para tanta porcaria escrita!", etc. Outras coisas também foram ditas, mas devido à censura, melhor deixar de lado. Houve também quem gostasse, a maioria elogios femininos, logo, se elas gostaram, essa merda vai continuar nesse padrão (nota: até enquanto a Multart não me mandar pastar!), pois, como diria Don Juan, tudo pelas mulheres, nada sem elas. Ele nunca disse isso? Bom, eu também nunca passaria pelo teste para ser um grande conquistador. O meu único talento é encher a paciência de vocês com as parafernálias que cá escrevo. Obrigado pela companhia. Um abraço e um queijo. Abraço e queijo? Já vi que essa edição vai ser impossível (de ler!). Abraço e queijo. Cadê o meu cérebro, onde eu guardei esse escroto hoje. Abraço e queijo. Puts, e eu tô ouvindo Glen Hugles agora, já pensou se fosse aqueles ‘sertanojos’ loucos da vida. Abraço e queijo. Quanta besteira, quanta besteira, desculpem-me, por favor!

NOVIDADES COM CHEIRO DE MOFO:
* Com a saída do Jacob, Régis deixa a guitarra para assumir o baixo, deixando a formação da banda como um trio. Enquanto isso, a Murro no Olho segue procurando um selo para lançar o ótimo "Mar de cadáveres".
* A produção do Festival Porão do Rock antecipa os festejos para os dias 01, 02 e 03 de junho. Segundo o alto escalão do grupo, esse ano virá muita coisa boa...
* Natinho ataca com uma idéia genial lá no Conic. Todo último sábado do mês: incêndio cultural em nosso reduto Rock. Estava demorando demais para alguém quebrar todo aquele marasmo de nosso doce submundo! Obrigado, dente de ouro!
* Rolla Pedra em novo palco. Pulou da sala funarte para o consagrado Teatro Garagem (913 sul). Acompanhe a programação e inscreva sua banda utilizando os serviços do site
www.rollapedra.com.
* Um dos caras mais figuras de nossa cena, o Marreco, chegou para reforçar a formação da Abhorrent, uma vez que Leandro, inacreditavelmente, deixou a guitarra de lado.
* A Mystic Montain lançou o seu 1º CD. O Gustavo ficou de me passar, até agora nada. Filha da mãe de uma figa. Filho da mãe de uma figa? Caralho, da onde eu tirei essa merda!?!
* Olha que bonito! A banda Dínamo Z fez uma música (em processo de composição) que tem o seguinte trecho: "E o Fina Flor pelas ruas de Taguá...". Estou deverás lisonjeado. Entretanto, camarada Bruno, você não se livrará do poder de meus cascudos!
* 3 Violators (Batera, Capaça e Espinha) e 2 convidados (Novato e CDC) estão juntos um novo projeto musical para assolar o cenário da música rápida do DF. Scumbag – que é o nome da cria – é Grind com influências de Death-Metal e Crust. Mais barulho para seus ouvidos!
* Os fanzines irmãos Fúria Urbana, Mensalão do Capeta (a ilustração da nova capa ficou fantástica!), Dejetos (uma máquina zineira esses guris!), Subversivo e Who Cares? lançaram novos números e eles estão aí, perambulando nas ruas, doidos para serem adotados e lidos. Descolem, se virem e descolem!
* Dominium a Eternum é o novo nome da banda de Death-Metal Eterno. A razão da mudança, que não foi sugerida pelo Seu Creysson, foi, segundo o baterista Laerte, "em função de sempre associarem a Eterno à banda white eterna". Aproveitando a deixa, quando é que vocês vão tocar, meus amigos?!?
* Glauco retorna às atividades autorias, graças ao encontro com o lendário e destemido Renato Coca-Cola. Dessa junção nasceu a banda de Black-Metal Voor.
* Ronaldo, ex-Infame e quase um Noise Incorporation, é o novo baterista da Alarme, a qual promete um CD para comemorar seus 20 anos de atividade e nós, é claro, devemos esperar "Punk até o osso" com toda a ansiedade desse mundo.
* O selo Genocide nos brindará com o lançamento em CD da Amenthis, banda que fez história no Death-Metal candango apesar da curta trajetória. A bolacha em questão trará a demo Dualism e mais uns bônus retirados de ensaios e shows. Raridade absoluta. A capa foi redesenhada pelo artista e tatuador Joubert (Alta Voltagem Tatuagens).
* Maldito informante. Fui informado que a River Phoenix havia acabado, porém, felizmente, a banda apenas havia dado um tempo além do normal, mas agora está de volta aos ensaios.
* Sai na Europa, Portugal para ser mais preciso, a coletânea Face of Chaos com as bandas brasilienses ARD, Besthöven, Kaos Klitoriano e Terror Revolucionário, sendo que cada uma ficou responsável por 4 canções. A iniciativa partiu do Amarildo, editor do zine brasileiro o Subversivo.
* Radiossauros muda de nome e de baixista. O novo nome é Ninguém de Vênus e quanto ao nome do novo baixista eu não lembro nem a letra inicial. Uma merda isso. Mozart saiu para se dedicar a suas outras bandas: 5 Generais e Gangorra.
* Humberto é o novo-velho baterista da Into the Dust, já que havia participado do embrião da mesma, que na época se chamava Grothesc. Ainda sobre a ITD, o power trio do Gama fará uma versão para "Sem nada", música da banda Bolha, em um interessante projeto encabeçado pela gravadora carioca Válvula, onde várias bandas tocarão músicas de grupos brasileiros setentistas. Esse será o 2º volume do projeto "Achados e Perdidos".
* O encontro de dois grandes diabos negros da música metálica fará a terra tremer! A Kill Again, do meu irmão Rolldão, expande seu exército e lançará no Brasil os primeiros CDs da banda norte-americana Hirax.
* Ronan, responsável mor pela Mosh’s Produções, promete, pelo menos um show por mês no Black Out Bar (904 Sul).
* Headbanger’s Attack Festival comemorará sua 5º edição em nova casa. O novo palco – que tem história de sofrimento e exploração no ato de sua construção – será o Círculo Operário do Cruzeiro Velho. Disforme dará os acordes iniciais às 16 horas, seguida da Utgard Trölls, Slaver, Mortal Dread (Gyn), Adviser (Anp), Krow (MG), Scourge (MG) e Attero (MG). Para quem chegar até às 19, o ingresso custará 8 reais, passando desse horário, terá que desembolsar R$ 10,00.
* Caga Sangue Festival já tem data certa: 17 de junho de 2007. Os cagões responsáveis estão fechando os últimos detalhes.
* O Circuito Underground do Riacho Fundo II está a todo vapor. Os manos estão até montando um escritório. Sabem o que está faltando lá? Um fanzine! Grande lacuna fácil de ser preenchida. Logo, mãos à obra... de novo!!!
* Falando na Cidade, dia 22/04 terá Riacho em Chamas (com Disforme, Oniscientes, Ejaculação Precoce, Espuleta, Tumor Kaos, TR, entre outras).
* Dia 21/04 tem shows simultâneos. Um será em Sobradinho, onde tocarão diversas bandas, umas delas são X-Granito, Terror Revolucionário, Artigo 137, Etno, Cadabra, e o outro no Galpãozinho do Gama, no Metal Union Force, organizado pela novata produtora Ritual Negro, onde Seconds of Noise e Demolish dividiram o palco com bandas de vida recente: Baraque’s Lord (GO), Holy Sword, Neffheim e Hazeroth (que estará lançando sua 1º demo).
* Resultado final da telesena, digo, do Duelo de Bandas, organizado pela loja Abriu Pro Rock: 1º Slaver, 2º From Hell e 3º More Tools
* Finalmente uma luz em meio a esse denso nevoeiro. Marcos Pinheiro é o nomeado diretor da rádio cultura e prometeu devolver o espaço perdido à cultura alternativa / underground, com a volta de alguns programas, a criação de outros e a eliminação de uns monstrengos que estavam denegrindo o bom nome da rádio. Prometeu lutar para ampliar o alcance, assim como melhorar a sintonia. Acho desnecessário apresentá-lo, mas para depois ninguém reclamar, aí vai um pouco do currículo do rapaz: idealizador e apresentador do programa Cult 22, produtor (um dos homens fortes do festival Porão do Rock), DJ e jornalista (ele foi um responsáveis pela abertura de espaço dentro do Correio Braziliense para o Rock local). Mais merecido impossível!
* Dia 30 de junho terá o show de gravação do DVD da Death Slam. A banda pede a ajuda de todos para que compareçam e ajudem na divulgação desse evento. A intenção é fazer a gig no Galpãozinho (Gama). Mais detalhes no próximo informativo.
* Petrônio (Disforme, Podrera, OJTB) é o novo baixista da 7 Pele.

ENTREVISTA OU BATE-PAPO:
Nossa cena está infestada de pessoas impares. Ainda bem. O Robson, nosso entrevistado, é mais uma soma com um resultado positivo de nosso universo quase paralelo. Músico, idealista, professor, produtor, enfim, mais um do time do sadô, mais um que decidiu pegar o leme do barco e guiar contra as correntezas, ir à contramão de todas essas banalidades que nos são ofertadas diariamente. "Vai entrevistar ou vai ficar enchendo lingüinça!?!", você deve estar esbravejando. Logo, sem mais delongas, até porque o nosso palestrante tem muito a dizer, vamos ao nosso costumeiro bate-papo.
01) Robson, meu amigo, acompanhei a trajetória da Lupercais por um período e, desculpe, não me lembro de você. Para mim foi uma grata surpresa saber disso. Era uma banda muito boa que fez e continua fazendo muita falta. Sidney era um grande poeta. Por quanto tempo esteve na banda e como foi esse período?
R.: É verdade, toquei guitarra no início da banda, fiz parte da gravação da primeira fita-demo, numa sessão mágica! Gravação que repercute muito bem até hoje no cenário gótico. Não me lembro muito bem a data, mas era por volta de ’95, ’96... Na época eu tocava numa banda chamada Bloody Clouds que fazia parte de uma cena de guitar bands que faziam rock alternativo inspirados em indierock britânico e americano, pós-punk ou qualquer coisa que pudesse ser vanguarda. Eu já conhecia o Sidney e sabia que ele estava com dificuldades para achar um guitarrista. Numa apresentação da banda Psycho Shadows, no Balacobaco na 402 sul, fui convidado por ele para integrar a Lupercais. Na semana anterior haviam tocado a Loverdown e Johnsons e, quinze dias antes, Bloody Clouds e May Speed, apresentação que ele gostou muito e o fez decidir pelo convite. Era um período de transição entre o final da Bloody Clouds e o início da Barbarella e era a primeira vez que eu tocava fora da minha primeira e única banda até então. Fizemos alguns shows, tocamos com Animais dos Espelhos, Políbias, Kaos Klitoriano, entre muitas outras dessa época. Sai antes da gravação da segunda demo.
02) Em uma de nossas conversas, descobri que você é tão velho quanto eu, apesar de não tão enxuto. Gostaria de saber quantos desses anos são dedicados ao Rock?
R.: Há Há! Velhos não. Experientes. Hehe. Bem, em 1991 começo no cenário com uma banda chamada Bloody Clouds, que fazia rock alternativo com influências de Sonic Youth, My Bloody Valentine, Ride, Jesus and Mary Chain, etc. Antes eu era apenas um expectador curioso e apreciador da história do rock’n’roll. Tocamos até o início de ‘96. Em ’95 sou convidado para participar da Lupercais. Neste ano eu editava um fanzine impresso chamado Iconoclasta, direcionado mais à literatura, chegou a ter apenas dois números e circulou por Ceilândia e Taguatinga. Em 1996 começamos o projeto Barbarella com Pablo Emmanuel no baixo, Onilson Nunes na bateria e eu na guitarra e vocal. No ano seguinte gravamos 7 músicas no estúdio Artmanha/DF, com produção do velho Geruza, baixista da Escola de Escândalo. Todas as músicas em inglês ainda como herança da Bloody Clouds, mas já cantávamos em português, agora com a psicodelia sessentista mais presente e ecos do pós-punk inglês com o rock alternativo do início dos anos 90. de lá para cá tenho atuado tocando na banda e produzindo eventos com outras bandas independentes.
03) Eu sou de classe baixa, não sei você, e era muito comum em nosso meio – ambiente natural dos quase-falidos – ouvir o jargão dos pais: "termine pelo menos o 2º grau!". Nisso, muitos de minha/sua geração, inclusive este que vos escreve, seguiram a risco a cartilha da pequena massa opressora e burguesa, a qual estampa em letras garrafais o slogan "a educação é para os ricos!"; hoje, entretanto – e muito felizmente -, está mentalidade está mudando. Você acha que as pessoas estão mais cientes da importância da educação ou apenas – e mais uma vez – o mercado financeiro está ditando as regras e afunilando a boca do funil?
R.: Camarada, só sei que tudo sempre foi muito difícil para mim. Infelizmente a educação é tratada como mias um produto a ser consumido pela sociedade, com a distância social entre ricos e pobres aumentando cada vez mais, essa "pequena massa opressora e burguesa" utiliza o argumento de que é a baixa escolaridade e a falta de especialização que aumenta o número de desempregados justificando o subdesenvolvimento e jogando a culpa no cidadão, que não estuda porque não quer. Ora, se pensarmos que o desenvolvimento é proporcional ao investimento em educação, o contexto que temos é de uma minoria que tem acesso à educação, que para a maioria das pessoas é uma esperança de ascensão, por isso a educação é tão difícil, tão cara... então, educação é capital. A população tem que ver a educação como um prazer e uma alternativa de ascensão e não como um castigo, uma obrigação. Meus pais me ensinaram que só o que era realmente meu era o estudo.
04) Trabalhei um tempo na Fundação Educacional – foram tempos deliciosos! – e ficava assustado com a baixa estima dos alunos. Para você, que como eu à época, trabalha em escola pública e de cidade satélite, o popular subúrbio, trabalha isso em sala de aula?
R.: Os alunos das satélites têm consciência da condição de exclusão bem presente, desde a posição geográfica de distanciamento do Plano Piloto, materializando a relação periférica das cidades. Até o fato de morar na capital do país, tão próximo dos monumentos e tão distante das decisões, distante dos centros culturais, dos points de lazer, da universidade dos sonhos, dos teatros, cinemas... por aí vai. A diversidade cultural cria uma forma de independência e a arte é mais uma alternativa para procura de identidade e auto-afirmação. Co-existem o anseio do êxodo, a saída da cidade e o sentimento de crescer ali. Sempre reservo uma parte do conteúdo para falar sobre a transferência da capital e o surgimento das cidades-satélites é o melhor exemplo de exclusão social.
05) Queria alongar sobre esse tema, mas ainda temos que falar do tal do Rock’n’Roll. Então, para fechar, no meu tempo era comum a máxima "o governo finge que nos paga e nós fingimos que ensinamos!". Isso ainda é dito nos corredores das escolas? Isso era algo que alfinetava minh’alma.
R.: Em todas as profissões existem todos os tipos de profissionais, os bons e os ruins, os trabalhadores e os oportunistas, a área de educação é um sacerdócio e todo dia é um dia diferente, somos seres humanos passíveis de falha o tempo todo, sei que é difícil administrar toda a nossa vida e ainda cumprir o papel de educador, com a consciência de ainda estar aprendendo a cada momento. A responsabilidade é grande. Sei, também, que revolta saber que é uma profissão que requer formação e tem o salário mais baixo dos servidores com nível superior, mas garanto que a maioria é compromissada com a missão de educador. (ndr.: sim, eu sei disso, pois tenho vários amigos, como você que são professores preocupados com o educar, entretanto, essa frase ecoava com força, não sei hoje como ela ressoa, mas não devia ter forças, não devia existir. Na minha opinião, os professores deveriam ter os melhores salários entre os servidores da população, pois fazem um dos serviços da mais primordial importância e a não educação ou a educação pela metade que ora vemos e somos submetidos, por razões quase que estritamente políticas, faz com que caminhemos para trás ou, na pior das hipóteses, nem caminhemos.)
06) Rock é filosofia?
R.: Com certeza! O conceito do rock vai muito além de apenas mais um produto de consumo propagado pelos meios de comunicação ou simplesmente mais um gênero musical. Seu significado está ligado ao impulso de contestação, rebeldia, inconformismo e questionamento de valores estabelecidos. É o veículo de expressão do grito contido do novo, da voz da juventude, seus sonhos, seus medos, suas angústias... é a atitude, não é a forma, a casca, mas o espírito da transformação, a consciência do infinito de possibilidades com a única certeza de não ser mais si mesmo.
07) Que porra significa Barbarella? Procurei no dicionário Aurélio e não encontrei referência alguma...
R.: È uma personagem de quadrinhos de ficção científica dos anos ’60 criada por um francês chamado Jean-Claude Forest, que unia a figura sensual de astronauta futurista com cenários psicodélicos. Em 1967 ganhou uma versão para o cinema com Jane Fonda no papel. Queríamos uma referência a esse período de efervescência psicodélica e experimentalismo.
08) Perguntas curtas, respostas rápidas (sobre a banda).
R.: Quando começou: 1997.
Quais materiais lançados: Uma fita-demo e três ep’s independentes.
Show mais marcante: Festival Cult 22 – 2005.
Composição de mais orgulho: "Mário Eugênio sabia demais", do nosso ep de 2002.
2 pretensões: Turnê mundial e virar lenda do rock.
Atual formação: Robson Gomes (gt/vc), Robson Freitas (bt) e Pablo Emmanuel (bx).
09) Antes de rasgar seda para a idealização do projeto Módulo B, gostaria de parabenizá-lo pela grande sacada: prioridade total a bandas autorais. Demais isso, camarada. Quando, como e por quais razões nasceu o Módulo B?
R.: Valeu, mas o mérito é de quem faz trabalho autoral, provando que a história continua... Bem, somente em 2006 conseguimos organizar bandas com o objetivo em comum de fazer um trabalho próprio e trabalhar para divulgar essa produção. O Módulo B é uma iniciativa que se manifesta como cooperativa de bandas e mutirão cultural com a proposta de apresentar uma parcela da nova safra de bandas e artistas locais com trabalho autoral, suas linguagens e diferenciadas interpretações do patrimônio cultural da cidade, além de oferecer mais uma alternativa de lazer e cultura, valorizando a arte realizada nas cidades-satélites e incentivando sua criação e divulgação. E nasceu da falta de espaço para tocar, porque as maiorias dos bares só querem bandas covers e nada para as autorais, nada de políticas públicas que facilitem ao artista se expressar.
10) Quantas bandas compõem hoje o time do Módulo e como fazer para ser parte integrante desse grupo terrorista de ação cultural?
R.: A adesão é de acordo com o que cada banda está disposta contribuir para o sucesso dos projetos, o objetivo é pensar coletivamente, todos ajudando para divulgar todas as bandas cada uma com sua necessidade e especificidade. Fazem parte hoje efetivamente os grupos Dínamo Z, Barbarella, Lua de Luanda, Rutherford, Modular, Dr. Voice, Face do Caos, O Verde, Ninguém de Vênus, A Mákina, além de outros grupos que tocam nos nossos projetos, e artistas, poetas, fanzineiros e amigos que sempre nos ajudam. Para fazer parte é necessário atitude, honestidade e vontade de trabalhar para divulgar todas as bandas e não somente a sua própria.
11) Fora o fato de priorizar bandas autorais, quais os outros objetivos do ‘grande B’?
R.: O nosso intuito é consolidar um cenário independente com um movimento cultural que represente a produção artística das cidades-satélites, com a formação de público consumidor de músicas novas, de produções novas de artistas contemporâneos locais. Além de propor alternativas de inclusão social através da arte, concretizando os objetivos de divulgar a expressão artística produzida na cidade. Seja na coleta de livros para a formação de bibliotecas comunitárias ou arrecadação de brinquedos, agasalhos e alimentos não-perecíveis para instituições sociais, fomentando a criação, produção e divulgação de obras e artistas locais. Interação entre público e artistas, valorizar a auto-estima dos artistas locais. Criamos vários projetos que repercutiram muito bem, como o ROCK NA RUA!, criado, produzido e desenvolvido pelo Módulo B, que é uma intervenção no espaço urbano como forma de protesto à falta de espaço. E a incansável busca da construção de uma identidade cultural da cidade baseada na diversidade de informações e estilos musicais. Propiciar meios de interação entre artistas locais e artistas de outras satélites, e fortalecer a cena de eventos e consolidar a construção de um movimento cultural entre todos os segmentos artísticos. Estamos em fase de implantação do MÓDULO B NAS ESCOLAS no CEM 03 da Ceilândia, com oficina de fanzine e oficinas de Rock’n’Roll com bandas de alunos e logo logo será estendido às outras escolas da rede.
12) Se permite uma sugestão, acho que o Módulo deveria articular uma coletânea em CD. Indo além, sendo para lá de enxerido, acho que Barbarella, Dínamo Z, Ninguém de Vênus e O Verde daria uma grande compilação com cara de Rock Brasília.
R.: Concordo, mas acredito também que muitas outras bandas de qualidade representariam muito bem o rock de Brasília, só que elas estão escondidas nas garagens, nos estúdios, nas escolas do DF. Elas só precisam ser vistas e ouvidas. (ndr.: concordo plenamente, mas o fato é que, nesse momento, nesse contexto, refiro-me as bandas do Módulo B e, referindo-me ao projeto mencionado, essas 4 são as que mais se destacam ou pelo menos mais se apresentam, por isso o primeiro passo com as ‘bandas carros fortes’, para abrir e limpar caminho para as demais.)
13) Eita, número 13. Sou adepto do Zagalo, então a entrevista acaba aqui. Pegue suas trouxas, fale qualquer coisa e não bata a porta ao sair. Antes que esqueça, obrigado por aceitar bater um papo comigo.
R.: Primeiramente, eu queria agradecer o espaço cedido, à lembrança dessa figura que vos fala e parabenizá-lo pela batalha e persistência de manter um fanzine impresso, são iniciativas como a sua que me fazem olhar para as dificuldades do cenário independente e ter certeza de que tudo vale a pena. Ah, e por falar em fanzine, o RADAR SATÉLITE, (nosso zine!) pode ser encontrado nos shows, o nº 4 já está saindo. Contato:
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BANDAS:
NINE FUNERAL: Chega de Heavy-Metal bonzinho, cheio de firulas e músicos recém-saídos de um salão de beleza. O grande lance é chutar o balde e deixar o sentimento conduzir a música e não tablaturas repletas de virtuosismo. Se resgatar esse espírito oitentista foi a intenção da Nine Funeral, a banda obteve êxito e passou bem passado. Tá, os caras não tocam muito, mas é exatamente aí que entra os grandes trunfos: boas idéias e um sentimento Headbanger quase comovente. As influências aqui são Mercyfull Fate, Judas, Accept, Exorcist e outras velharias preciosas de nosso vasto e sagrado baú do Metal! Das 3 faixas desse CD demo de belo rótulo, mas sem capa (?), a minha preferida é "Behind the death". John Agony, o vocalista, é o destaque entre os 5 cavaleiros do Metal. Cont.:
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FROM HELL: A única coisa ruim dessa banda é que o Rodrigo – que muito em breve será um dos melhores bateristas de Metal do DF – teve que sair da Bizzare Kings, fora isso, é uma super banda. Tive a grande sorte de vê-los ao vivo e posso afirmar que estamos diante de um verdadeiro tsunami, tamanha a devastação sonora proporcionada por esses 5 headbangers. O som é um Death-Metal agressivo, violento e tocado com muita técnica, sem contar que ainda conseguem unir as duas escolas do Metal da Morte com especial competência. A From Hell é uma dessas raras bandas em que todos os músicos são extremamente bons no que fazem, tomara que essa formação persista para sempre, pois, assim, headbangers de todo o mundo terão motivos de sobra para sorrir! Caso esse CD demo tivesse vindo com capinha ou pelo menos com as informações básicas, iria direto para a seção Destaques da Edição e de lá ficaria como um troféu. Cont.: (61) 3379-6651 ou 9651-8384
IH8U: Acho que é isso, não me recordo plenamente. Sei que uma pessoa chegou e presenteou-me com o CD da banda que ele fazia parte. Isso foi no Gama, durante o Duelo de Bandas. Eis que cheguei em casa e coloquei o CD sobre o som e, quando fui procurá-lo para ouvir, a surpresa sem graça: cadê a demo dos caras? Cadê? Eu sinto muito, foi um grande vacilo meu, espero que possa ganhar outro e, se rolar, prometo tomar mais cuidado.

DESTAQUES DA EDIÇÃO:
DENIED REDEMPTION / MALEUS MALEFESTOS: As bandas que dividem essa split-tape já me conquistaram por alguns pequenos detalhes. A "DR" traz uma placa com o corte no nome white metal (ndr.: sei que isso é preconceito, desculpem-me por isso, mas foram eles que começaram. Alguém aí lembra dos panfletinhos que eles entregavam?!?), já o "MM", por sua vez, risca a velha e estúpida suástica. Sonoricamente, as duas soam Black-Metal, sendo que a DR priva pela morbidez, pelo peso e por composições mais arrastadas, enquanto a MM, banda de um só senhor, prefere à velocidade. Outra semelhança entre os trabalhos é que ambas as bandas atacam com dois hinos, apesar da DR está com uma produção, tanto gráfica quanto sonora, mais apurada, o que, em hipótese alguma tira o brilho de sangue do trabalho da Maleus Malefestos. Para finalizar, a cena Black-Metal deve muito ao vocalista da Denied Redemption, o meu amigo Tiago, aqui Necrogoat, pois, desde que o conheço, e isso já tem prá lá de 11 anos, ele explora o universo da música que desossa Cristo. "Banger até a morte!" Cont.: Setor de Mansões Leste, lt J22, Planaltina – GO ou
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COLETIVO UNDERGROUND: CDr coletânea envolvendo uma música de cada banda que tocou no festival homônimo, no dia 10/03 no Círculo Operário. CD silkado, capinha bem feita, bandas legais e a idéia que já faz valer a aquisição. Detalhe: o CDr só foi entregue na porta do show, quem pegou, pegou, pois o mesmo não está mais disponível! A idéia foi juntar bandas de estilos e locais diferentes e isso foi feito. Prisão Civil abre com seu Punk-Rock contagiante, que depois toca para a Podrera, a qual emenda com seu Crossover de Metal e HC. Daí segue o lançamento e a Slaver aproveita e detona seu Thrash-Metal. Meio de campo e a Bruto já dá uma bica para explodir com seu Metal pesado e rápido, a sobra fica com a Terror Revolucionário que entra quebrando com a versão Crustcore para um clássico da Besthöven. Jogo ganho e a Zé Recado & Tommy Nota pisa no freio e manda um Punk’a’Billy de letra divertida; Kábula e Elffus se encarregam das firulas e fecham com chave de ouro e detonam, consecutivamente, Hard’n’Heavy e Heavy’n’Roll de ótima qualidade. Cont.:
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OFICINA DE IMAGEM POPULAR: Na seção ‘Honra ao Mérito’eu falo do Marcelo, de sua importância e do modo certeiro de como ele injetou cavalares doses de auto-produção nos jovens de sua cidade e, esse DVD, mas do que nunca é uma prova cabal disso. Dos 4 curtas aqui contidos, um é especificamente sobre a causa underground, um documentário de como as pessoas da cidade do Riacho Fundo II se juntaram, somaram forças e viabilizaram uma das cenas que hoje é uma das mais fortes e ativas do DF. Tudo registrado em vídeo, para a prosperidade, para que as pessoas se sintam importantes dentro de algum contexto, para que as pessoas se ouçam e se vejam como seres vivos pensantes e ativos. Grande trabalho social!

CONEXÃO PEQUI:
RPDC: CD de estréia e surpreende muito pela qualidade apresentada, seja pelo designer, pela gravação, bem como pela competência dos músicos. Remédio Para Dor de Cabeça é o nome desse primeiro trabalho e, estranhamente, o nome da banda, que resolveu simplificar tudo isso e atender também por RPDC. Loucuras à parte, quase todas as 11 faixas desse CD de pouquíssimo mais de 30m., são de muito bom gosto, é uma espécie de Punk-Rock, mas com uma gravação que deixou tudo bem alto e pesado. É como, mais ou menos, lá vou eu de novo com minha síndrome de Lula, se a Garotos Podres – que é descaradamente a principal influência da banda – resolvesse tocar Metal. Percebe-se um pouco de Dead Kennedys, Cólera e, por causa da última música, Chico Science no som desses guris também. Vamos ver se o padrão de qualidade será mantido. Tomara que sim! Cont.:
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DEATH FROM ABOVE: Falar o que de uma banda D-Beat que tem o Mingau na sua frente? Rasgar elogios e nada mais, é a única coisa que me cabe nesse latifúndio. Ótimo nome, caprichado lay-out, letras na melhor tradição da escola do ‘D’ maiúsculo e 7 músicas que já nasceram com o carimbo de qualidade estampado em suas simples partituras. Entre as 7 inclui-se "The final blood bah", da Discharge, como de se esperar, a razão de existir do Mingau e, por conseqüência, da Death From Above também. Só não vale nota 10 porque acaba ligeiro demais! Cont.: Cx. Postal 5252 – Goiânia – GO – 74025-020 ou www.myspace.com/dbeatdeathfromabove
BRUTAL METAL FEST: Só o fato da feitura desse CDr já é meio passo na obrigatoriedade de descolar esse trampo, para fechar o cerco e você não ter outra alternativa a não ser adquirir, os produtores do festival, os irmãos gêmeos Rivanildo e Segundo, ainda fizeram capinha (nota: vou fazer de conta que não vi os erros de português!), meteram tinta no CD e escolheram um invejável cast de bandas: Claustofobia, Spiritual Carnage, Ressonância (ndr.: que fez um show espetacular durante o festival!), Winds of Creation, Secret of Abyss, Necropsy Room, Dark Ages, Death Slam (afinal, alguém tem que queimar o filme!), Brutal Exuberância, Flashover, Nervochaos, Desastre, WC Masculino, Attero, Krow, Mortificy e, de bônus, a Corja. Foda demais!!! Cont.: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
PERFECT VIOLENCE: Olha que merda, da primeira vez o Segundo, dono da major Two Beers, me entregou um CD em branco, agora me entregou outro e eu esqueci a porra do CD no carro da Márcia. Esse complô maldito será quebrado no próximo número, logo que minha secretária explorada devolver-me o registro 01 da Perfect Violence. Agora foi culpa, não por revanche, não mesmo, totalmente minha. Foi mal! Para completar a cagada, ainda perdi o CD demo da TERROR CORPSE e, cá entre nós, já me xinguei muito por isso, pois estava em uma fissura enorme de ouvir esse trabalho, pois meus amigos de Goiânia, todos eles, foram unânimes em rasgar elogios a esse power trio. Segundo, tem jeito de me mandar de novo?!? Diz que tem, velho, diz que tem....

EXCEÇÃO:
ATTERO: Conheço o Marquinhos desde suas antigas bandas (Lixo Social, Krosta e Cirrhosis) e acredito que o CD de estréia da Attero, banda de Uberlândia que lançou "Enemy" pelo selo goiano One Voice, seja a agregação perfeita de todas essas suas experiências. É bem certo e notório que há digitais dos outros integrantes da banda ao longo de todo o trabalho, especialmente nas partes em que a pesada embarcação tende mais para o lado do HCNY ou do Moshcore, por exemplo, mas os momentos de Death-Metal, Crust e HC europeu embutidos aqui são maioria e lembram mais as assinaturas do guitarrista Marquinhos. Devido a toda experiência dos envolvidos (músicos e selo), não é de se estranhar que esse 1º CD soe com tanta qualidade e zelo! Cont.:
www.myspace.com/attero

COTIDIANO: CUIDADO, COITADO COTIDIANO
Vocês já me acompanharam por tantas viagens, que uma vez mais não fará mal algum, logo, apertem os cintos e peguem suas máscaras de oxigênio, pois a viagem agora é para um dos lugares mais fétidos de nosso planeta semidevastado: meu cérebro. Paulo Octávio, enquanto senador, defendeu a criação de um novo estado. Dentro do pensamento dele, ao que consta, Brasília seria separada de suas satélites e essas cidades são as quais formariam um novo estado, que teria por capital, nada mais nada menos que Taguatinga. Ou seja, Brasília seria, definitivamente a ilha do poder. A idéia não foi bem recebida no senado e não colou. Estranhamente, o atual governo do DF, do qual ele é vice, após perder a queda de braço ou, sabe-se lá, após um acordo macabro, resolveu levar o GDF para Taguatinga, tanto que a imprensa chapa branca apelidou o lugar de Buritinga. Ora, eu deveria adorar isso, vocês devem estar se indagando, afinal, moro em Taguatinga. E é exatamente por, não só morar, mas por amá-la com intensidade, que farejo um cheiro de golpe no ar. Talvez estejam planejando essa divisão na surdina, para na calada da noite ou mesmo no agito do dia, nos apunhalar. Do novo estado proposto, poucas cidades teriam forças para caminhar com pernas próprias e o caos seria instalado em questão de meses (salários reduzidos, escolas e hospitais ainda mais sucateados, violência generalizada e outros malefícios incorporados viriam no bojo dessa idéia insana). Cuidado, pois, como diz o ditado: "nem tudo que reluz é ouro!"

COMPANHEIROS DE HOSPÍCIO
UNDERGROUND NIGHTMARE: O # 01 vem em 3 folhas A4 e 5 páginas (?) com resenhas, novidades e uma entrevista bem conduzida com a banda Orgy of Flies. A Capa, um desenho da banda entrevistada, merece ser moldurada. O zine, até o momento, é 100% Metal, minha esperança é que no próximo seja incluído algo sobre bandas HC também. Outra ressalva que faço é com relação ao melhor aproveitamento dos espaços em branco, pois, caso fosse feito isso, o número de páginas cairia para 4, economizaram na fotocópia e ainda teriam mais exemplares desse necessário impresso em nossas ruas. Desde já fico na espera do # 02, espero que não seja o último a receber, afinal, acho que somos da mesma família, pois seria loucura demais alguém assinar o mesmo sobrenome nosso: Sant’Anna. Posso ser seu tio, rapaz, então, é prioridade ou bifa!!! Cont.: QNP 14 Conj. B Cs. 10 – Ceilândia – DF – (61) 3376-3055
ALTERNATIVA LIBERTÁRIA: Caramba, fazia muito tempo que eu não via um zine Punk feito pelos anarcos do DF. E fiquei ainda mais feliz ao constatar a qualidade desse impresso (ótima diagramação, cópia perfeita, bons textos – destaque aí para a merecida homenagem ao grande irmão Joacy Jamys – e ilustrações mais do que apropriadas). E, detalhe, essa é a primeira garrafa do coquetel molotov, que, segundo anunciado, trata-se de um periódico trimestral do Koletivo de Resistência Anarco Punk do DF. Alternativa Libertária: "Concretizando utopias, Corroendo tradições". Lindo isso! Meus mais sinceros parabéns! Cont.: Cx. Postal 2311, Bsb – DF, 70343-970 ou
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HONRA AO MÉRITO
Ele já esteve nas nossas páginas, mas na seção "Um para Cristo", porém, dessa vez o guerreiro Marcelo aparece onde deveria estar, no espaço que condecora as pessoas indispensáveis para nossa cena. Desde que montou a Podrera, ainda em Taguatinga, o sujeito das mil frases de efeito, mesmo sem saber, era praticante do melhor estilo "Do It Yourself" e, acreditem, fez escola. Como não tinha grana (ndr.: posso ouvi-lo gritar neste exato momento: "E ainda não tenho!"), não tinha aparelhagem, não tinha espaço para tocar, mas estava louco para se apresentar, ele arregaçou as mangas e saiu perambulando com um pires na mão e uma enorme cara-de-pau. Resultado: conseguiu realizar algumas gigs memoráveis no quintal da casa do Eduardo, na QNG. Entretanto seu maior triunfo foi quando se mudou para o Riacho Fundo II e transformou a pacata localidade em um grande reduto roqueiro. Após sua chegada, seu espírito empreendedor que rendeu aclamados festivais – destaque especial ao Piru Music Festival – e seu contagiante espírito Do It Yourself, o Riacho ganhou inúmeras bandas, uma boa qualidade de produtores e até vídeo-makers.

UM PARA CRISTO
Cego, feio e manco. Caso você o veja, notará que não por acaso essa trilogia cabe tão bem ao nosso crucificado da edição. A ceguidão veio em função do costume de manter as pálpebras sempre cerradas. Deve ser coisa de família, pois Ricardo e Júnior, seus irmãos, também padecem do mesmo mal. Tomaz só abre os olhos quando toma algum susto ou quando leva alguma estocada. Ultimamente, diga-se, seus olhos estão mais abertos, fruto, dizem as más línguas, de muitas estocadas amigas. Quanto à feiúra – foi graças a ele que inventaram a expressão "feio de doer!" – parece ter sido uma maldição que rogaram sob os filhos da Dona Marlene, pois a ala feminina é de grande beleza. Foi uma infância / adolescência dura a do meu amigo Tomaz. Sem dinheiro, sem nenhum atrativo físico, quase sem visão – exceções feitas às felizes horas das estocadas – e totalmente desprovido de qualquer beleza externa, restou-lhe a opção de ser ateu. Afinal, convenhamos, ele tinha (e tem) todas as razões do mundo para acreditar que Deus não existe ou que ele não existe para Deus. O fato de nunca poder tido o doce privilégio de uma vulva roçando o seu corpo, é rapidamente abstraído de seu cérebro graças aos ombros cabeludos e suados de alguns de seus inúmeros amigos (ndr.: sou muito amigo dele, mas meu ombro não é cabeludo!). Amigos, aliás, é algo que não lhe falta, pois a ausência da beleza exterior foi recompensada com a interior. Esse cara ajuda todo mundo, tem o coração do tamanho de um trem. A quantidade excessiva de álcool existente em seu corpo caminha lentamente e ele está próximo ao estágio conhecido como "pé inchado". No momento, pingas e cervejas estão acumuladas em seu joelho, fatos esses que estão deixando-o manco. Quando Tomaz está com a mente ocupada, seja por suas ótimas ilustrações, seja pelo fato de deixar bonito o que antes era feio (ndr.: não, ele não é cirurgião plástico, ele é arte-finalista, um dos melhores designers gráficos do DF. Também pudera, ele é do tempo em que os arte-finalistas palitavam os dentes com caneta nankin!), ele se sente realizado e esquecesse das amarguras e espinhos que a vida plantou em seu caminho. Por isso e por outros motivos que é para Tomaz a minha humilde homenagem na forca, digo, na seção "Um para Cristo" dessa edição.
(Camaradas leitores, eu acho que depois dessa vez vocês podem dar adeus ao Fina Flor impresso em gráfica!)

METENDO A COLHER NA SOPA ALHEIA:
* Agora não é na sopa alheia, é nossa sopa. Já que estamos sem espaço, vamos fazer com que o Círculo Operário do Cruzeiro o seja, vamos transformá-lo na Casa do Rock!
* Uma troca de favores, uma troca de produções entre os guerrilheiros do Riacho Fundo II e os ativistas do Módulo B, ou seja, o Módulo promoveria uma invasão da cultura underground dos reis do Riacho na Ceilândia e vice-versa.

MAS SERÁ O BENEDITO?
Sejam de direita, centro ou esquerda, todos os dePUTAdos e senaDORes se auto-proclamaram pobres e fazem corrente para aumentar o próprio teto de vencimento. Tudo isso sem consultar os otários que os colocaram lá. Salvo engano, nossos representantes estão lá para defenderem os interesses do povo, de seu eleitorado. Será?
O OVO OU A GALINHA? A vida antes da dívida ou a dívida antes da vida? Antes o PT responderia essa pergunta de pronto, mas e agora, de que lado o governo está?
E É VERÍDICO: Homem bomba, o Demolidor, Arruda Dinamite, entre outros nomes estão sendo atribuídos ao Governador devido a sua mania de implosão. Ele deveria aproveitar o ensejo e entrar, abraçado com seu parceiro PO, cada qual envolto em um cinto de bomba, na nossa Câmara Distrital. O duro seria o cheiro da merda, mas isso passaria com uns dias...
FRASES DE BANHEIRO (dessa vez, retiradas das piadas do Ari Toledo)
"Aqui termina a obra de um grande cozinheiro!" ; "A grande felicidade consiste em chegar a tempo nesse local!" ; "O que o cu falou para a bosta? ‘Não adianta piscar que eu não volto mais!’"
COLABORADORES: Ana Flávia, Camila e Andressa (minha frente feminina de trabalho escravo. Qual é mesmo a pena para isso?), To+ (se já tiver enxergando não olhe no espelho!), Pituca e Happy Family, Marcão e todo mundo que se considerar um.
TRILHA SONORA: Bandas resenhadas, Facada, Glen Hugles, Rolling Stones, Lock Up, Nuclear Assault, Kreator, Cólera e Scourge. Última pergunta: já viram peão mais eclético do que eu?!?
EXPEDIENTE: Fellipe CDC (escrevendo e digitando tudo o que você leu. Ah, o quê? Você não leu tudo?!? Acredite, você não é o único. Então, corrigindo, escrevendo e digitando tudo o que está aqui, inclusive o pouco que conseguiu ler!) e To+ (diagramando e ilustrando para tentar deixar o Fina Flor mais atraente para fazer com que você leia!). Para elogiar, elogiar, elogiar, patrocinar, patrocinar, patrocinar (é, eu acredito em mensagem subliminar!), entrem em contato comigo, por intermédio dos seguintes meios: QNJ 21 casa 11 – Taguatinga – DF – cep 72140-210 (ou seja, pessoalmente ou por carta) ou telefone (3475-9391) ou por email (
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O Fina Flor segue divulgado na net graças à complacência de amigos muito especiais (e loucos também) como:
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